São João de Deus


Texto Curto

Tendo desistido da fé cristã ativa quando era um soldado, João tinha 40 anos quando a profundidade de sua pecaminosidade começou a despontar sobre ele. Ele decidiu dar o resto de sua vida ao serviço de Deus, e partiu imediatamente para a África, onde esperava libertar os cristãos cativos e, possivelmente, ser martirizado.

Ele logo foi informado de que seu desejo de martírio não tinha uma base espiritual e voltou para a Espanha e para a atividade relativamente prosaica de uma loja de produtos religiosos. No entanto, ele ainda não estava resolvido. Comovido inicialmente por um sermão de São João de Ávila, um dia ele se envolveu em uma punição pública de si mesmo, implorando misericórdia e arrependendo-se violentamente de sua vida passada.

Comprometido com um hospital psiquiátrico por causa dessas ações, John foi visitado por Saint John, que o aconselhou a se envolver mais ativamente no atendimento das necessidades dos outros, em vez de suportar dificuldades pessoais. John ficou em paz e logo depois deixou o hospital para começar a trabalhar entre os pobres.

Ele estabeleceu uma casa onde sabiamente atendeu às necessidades dos pobres doentes, primeiro mendigando por conta própria. Mas, entusiasmado com o grande trabalho do santo e inspirado por sua devoção, muitas pessoas começaram a apoiá-lo com dinheiro e provisões. Entre eles estavam o arcebispo e marquês de Tarifa.

Por trás dos atos exteriores de João de total preocupação e amor pelos pobres doentes de Cristo, havia uma profunda vida de oração interior que se refletia em seu espírito de humildade. Essas qualidades atraíram ajudantes que, 20 anos após a morte de João, formaram os Irmãos Hospitalários, hoje uma ordem religiosa mundial.

John ficou doente após 10 anos de serviço, mas tentou disfarçar sua saúde precária. Ele começou a colocar em ordem o trabalho administrativo do hospital e nomeou um líder para seus ajudantes. Ele morreu sob os cuidados de uma amiga espiritual e admiradora, Lady Ana Ossorio.

Reflexão

A extrema humildade de João de Deus, que levou a uma dedicação totalmente altruísta aos outros, é impressionante. Aqui está um homem que percebeu sua nulidade na face de Deus. O Senhor o abençoou com os dons da prudência, paciência, coragem, entusiasmo e capacidade de influenciar e inspirar os outros. Ele viu que em sua juventude havia se afastado do Senhor e, movido a receber sua misericórdia, João começou seu novo compromisso de amar os outros com abertura ao amor de Deus.

São João de Deus é o padroeiro de:

Livreiros
Bombeiros
Pacientes Cardíacos
Hospitais
Enfermeiras
Impressoras
Doentes


Fonte: Franciscan Media



Texto Longo

João Cidade Duarte era seu nome de batismo. Ele nasceu em 08 de março de 1495, em Montemor-o-novo, Portugal. Seu pai vivia de vender frutas na rua. Da sua infância sabe-se apenas que, aos oito anos fugiu ou foi levado por um viajante que tinha se hospedado na sua casa. Vinte dias após seu sumiço, sua mãe morreu de tristeza. Seu pai foi para um convento de franciscanos, que o receberam. Lá, ele encerrou seus dias. 

Sabe-se que João foi levado a pé para a cidade de Madrid, na Espanha. Caminhou ao lado de saltimbancos e mendigos. Perto da cidade de Toledo, o viajante o entregou a um bom homem, chamado Francisco Majoral. Este administrava os rebanhos do Conde de Oropesa, afamado por ser caridoso. Nessa época o menino recebeu o apelido de “João de Deus”, porque ninguém sabia ao certo quem ele era e, muito menos, de onde vinha. 

Durante seis anos Francisco Majoral educou João como a um filho, juntamente com a pequenina filha que a família tinha. Depois, dos catorze aos vinte e oito anos, João trabalhou para Francisco como um pastor. A relação entre eles era quase como a de pai e filho. Porém, quando a filha de Francisco atingiu idade para casar-se, Francisco quis casá-la com João de Deus. João, sem querer o casamento e sem saber o que fazer, fugiu e começou uma vida errante.

João de Deus alistou-se soldado do rei Carlos V. Como soldado, lutou na batalha de Paiva, contra o rei Francisco I e seu exército. Vencedor, abandonou o exército e ganhou o mundo.

Peregrinou por toda a Europa. Depois, foi para a África. Lá, fez-se vendedor ambulante na cidade de Gibraltar. Então, como um filho pródigo, voltou à cidade onde nascera. Ninguém, porém, o reconheceu. Seus pais já tinham morrido. Então, ele voltou para a Espanha e abriu uma livraria na cidade de Granada.

Em Granada, no ano 1538, João de Deus ouviu um sermão inflamado pregado pelo futuro São João D’Ávila. O sermão tocou-o de tal maneira que ele saiu da igreja aos gritos de "misericórdia, Senhor, misericórdia". O povo, sem compreender ou ria dele ou estranhava. Mas ele não deu importância a isso. Distribuiu os bens que tinha acumulado aos pobres e iniciou uma vida de penitências rigorosas.

Tido como louco por muitos, João de Deus foi internado num hospício. Lá, recebeu tratamento desumano, conforme a ignorância da época quanto às doenças mentais. Depois de ter sofrido cruelmente, ele foi acolhido e orientado por São João d'Ávila. Então, ele decidiu fundar o que chamou de “casa-hospitalar”, cujo objetivo era dar tratamento mais adequado aos tidos como “loucos”.

A Casa Hospitalar de João de Deus começou a dar frutos, curando a muitos doentes mentais para espanto da sociedade de então. Com isso, nascia uma Ordem religiosa, que ele chamou de Ordem dos Irmãos Hospitaleiros. Apesar de nunca ter estudado medicina, João de Deus conseguia a cura de vários doentes mentais utilizando sua própria experiência aliada à fé cristã. Tinha como princípio o fato de que, se a alma for curada, meio caminho estava feito para a cura do corpo.

Por ter sido tratado como louco, João de Deus conhecia em profundidade a difícil situação dos doentes mentais. Ele dizia que pertencia ao mundo dos loucos. Dizia também que pertencia e ao mundo dos pecadores, dos indignos. Mas isso era o que o entusiasmava a trabalhar pela reabilitação, dignificação e inserção tanto dos doentes mentais quanto dos pecadores. Num mundo onde qualquer distúrbio mental era sumariamente classificado como “loucura”, João de Deus criou um modelo de empatia, de tratamento, de contato e de convicções profundas, que ajudaram a milhares de sofredores e inspirou várias outras instituições. Estas, seguiram suas inspirações e orientações. Muitas ainda seguem nos tempos de hoje. 

Para cuidar dos doentes mentais, São João de Deus usava um processo próprio, que unia a conversa, o acolhimento, a oração, a cura interior. Por tudo isso, ele é considerado o precursor do método de tratamento psicanalítico e da compreensão de que as doenças têm origens psicossomáticas, ou seja, uma alma ou mente perturbada gera doenças físicas. Os traumas, os rancores, as mágoas causam doenças físicas. Freud e seus discípulos chegaram a isso quatro séculos depois.

O sucesso, da obra de São João de Deus foi tão grande que, acima de oitenta casas-hospitalares foram fundadas pela Europa. A princípio, elas abrigavam os doentes mentais e os doentes terminais. Depois, São João de Deus e seus seguidores começaram a atender a todos os tipos de doentes. Seu lema resumia uma verdade para toda a vida: "fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos".

São João de Deus faleceu no mesmo dia de seu nascimento, em 8 de março. Era o ano 1550. Ele tinha apenas cinquenta e cinco anos de idade. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Leão XIII. Na ocasião, Leão XIII proclamou-o padroeiro dos hospitais, padroeiro dos doentes e padroeiro de todos os que trabalham para a obtenção da cura dos doentes.

Nos dias de hoje a Ordem Hospitaleira de São João de Deus tem as dimensões de um instituto religioso internacional. Sua sede fica em Roma. O instituo é formado por homens que se consagram à misericordiosa hospitalidade cristã, que visa acolher os doentes e os mais necessitados. A obra está presente em quarenta e cinco países.

Oração a São João de Deus

“Senhor, que inflamastes São João de Deus no fogo da caridade para que fosse na terra o Apóstolo dos pecadores, Socorro dos pobres e Saúde dos doentes; no céu o constituístes Alívio dos que sofrem, Padroeiro e Modelo


Fonte: Cruz Terra Santa - HISTÓRIA DE SÃO JOÃO DE DEUS

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